Padre Lucas Altmayer, 28/11/2025 09:49
Ao celebrarmos hoje Nossa Senhora das Graças, a Igreja nos convida a contemplar aquela Mãe que Deus colocou ao lado de cada um de nós como refúgio seguro e fonte inesgotável de socorro. A aparição da Medalha Milagrosa, dada a Santa Catarina Labouré, é um grande resumo da missão de Maria: derramar graças sobre os Seus filhos, especialmente nos momentos mais difíceis, quando parece que todas as portas se fecham.
Se observarmos a imagem da Medalha, veremos Nossa Senhora com as mãos estendidas, e delas jorram raios luminosos. Esses raios representam as graças que Ela deseja nos conceder. E Santa Catarina conta que alguns raios não brilhavam: eram graças que Deus queria dar, mas que não eram pedidas. Aqui está a primeira lição deste dia: Nossa Senhora quer nos ajudar; mas é preciso recorrer a Ela.
E talvez alguém possa perguntar: “Mas Padre, e quando tudo estiver perdido? Quando já não houver mais esperança humana?” A própria Senhora responde a Santa Catarina Labouté, dizendo: “ Quando tudo estiver perdido, Eu estarei lá.”
Esta frase é verdadeira na vida da Igreja. Ela esteve lá em Caná, quando faltou o vinho e a festa corria risco de desabar. Ela esteve lá no Calvário, quando tudo parecia ruir, quando os discípulos fugiram, quando o mundo se encheu de trevas. Ela esteve lá no Cenáculo, quando os Apóstolos, com medo, não sabiam o que fazer. E Ela estará também ao nosso lado, quando chegarem as horas de prova.
Quantas vezes na vida espiritual atravessamos noites escuras, cruzes pesadas, enfermidades, tentações, momentos de desânimo, pecados que vergonham a alma? Quantas vezes olhamos para o futuro e enxergamos apenas incertezas? É justamente aí que Maria se faz mais Mãe. Ela não tira a cruz, mas caminha conosco. Ela não elimina as provações, mas dá graça para suportá-las.
Os saldados chamam pela mãe no momento de morrer.
Por isso a Igreja nos ensina a rezar com confiança absoluta: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós.” É uma súplica simples, mas poderosíssima. Quem se coloca debaixo do manto de Maria nunca fica desamparado.
Talvez, hoje, algum de nós tenha chegado à santa Missa com o coração pesado. Talvez haja problemas familiares, tentações fortes, dificuldades financeiras, doenças, culpas do passado, dúvidas sobre o futuro. Pois bem, escutemos com fé: quando tudo parecer perdido, Nossa Senhora estará lá. Ela não abandona os filhos. Ela não fecha os braços. Ela não abandona quem confia.
A Medalha Milagrosa se tornou famosa no mundo inteiro por curas, conversões e graças extraordinárias — mas o maior milagre de Maria é este: Ela nunca nos abandona. E, se recorrermos a Ela, ainda que tudo desmorone, permaneceremos de pé.
Peçamos, portanto, nesta Santa Missa, a graça de viver sob o olhar de Nossa Senhora, confiando n'Ela em todas as horas, e particularmente nas horas mais difíceis. E que cada um de nós, ao olhar para a Virgem das Graças, escute no íntimo do coração aquela promessa materna: “Meu filho, quando tudo estiver perdido… Eu estarei lá.”